Provavelmente, muitos iniciantes no Linux se confundem um pouco com o termo ambiente de área de trabalho.
Isto é totalmente normal, uma vez que diferentes distros Linux também utilizam diferentes DEs. Além disso, o Linux é um sistema muito flexível, sendo possível inclusive a instalação de uma mesma interface em várias distribuições.
Você pode, por exemplo, optar pela distro Linux específica que conta com o DE que você deseja (muitas, além disso, oferecem vários “sabores”, com diferentes DEs).
Ou então, também é possível instalar qualquer interface praticamente em qualquer distribuição. Este é um procedimento que você não verá neste artigo, porém, pois não se trata de um procedimento indicado ao usuário iniciante.
Mas não se preocupe, pois este guia tem por objetivo fornecer uma introdução a este assunto algumas vezes envolto em “mistério”.
Uma introdução, aliás, apropriada aos iniciantes no Linux. A você, que de repente acabou de instalar sua primeira distribuição, por exemplo, e ainda se pergunta o que é o tal DE.
O que é ambiente de área de trabalho ou ambiente de desktop
Imagine que você trabalha em um escritório e possui sua própria mesa. Nela, você tem tudo o que precisa para trabalhar: seu computador, canetas, papeis, objetos decorativos, etc.
Isto tudo representa a sua área de trabalho, o seu ambiente de trabalho físico. Agora, usando conceitos semelhantes, chegamos ao ambiente de área de trabalho no Linux, objeto deste guia.
Trata-se de uma “versão digital” da sua área de trabalho física. Através do ambiente de desktop em seu computador, você também tem tudo o que precisa para trabalhar.
Canetas e papeis são substituídos por fontes e janelas em editores de texto, por exemplo, e até mesmo objetos decorativos aí existem, na forma de diversos elementos de customização (wallpapers, ícones, temas, cores, etc).
Continuando com nossa analogia, gavetas que armazenam documentos em nossa mesa física são substituídas, no ambiente de área de trabalho no PC, pelos gerenciadores de arquivos ou até mesmo pelos menus de aplicativos. E assim por diante.
Este guia trata destes conceitos e elementos aplicados ao Linux, obviamente. Assim, em suma, um ambiente de área de trabalho (ou ambiente de desktop) é um pacote de elementos que permitem que você interaja com o sistema operacional através de uma interface gráfica (GUI).
Para que serve o ambiente de área de trabalho?
Em inglês, temos o termo desktop environment, cuja tradução seria “ambiente de área de trabalho” (ou, de forma simplificada, ambiente de trabalho).
Daí também vem a sigla DE (que eu usei no início deste artigo), na verdade um acrônimo para Desktop Environment.
Sem um ambiente de desktop, você obrigatoriamente deveria utilizar o computador Linux através de um terminal. Nesse sentido, confira também estes guias aqui no TecLinux:
Um ambiente de área de trabalho serve para facilitar a vida do usuário. Obviamente, existem casos em que ele é desnecessário, como em um servidor Linux, por exemplo.
Neste caso, você tem em mãos apenas a linha de comando, o que torna tudo mais simples e rápido, além de mais leve.
Por outro lado, através da GUI (Graphical User Interface, ou Interface Gráfica do Usuário) proporcionada pelo ambiente de desktop, você tem em mãos um conjunto com diversos componentes básicos e integrados, que tornam tudo mais fácil e também ajudam a definir a aparência final da distribuição.
Assim, dentre os inúmeros componentes básicos de um DE, podemos citar widgets diversos, ícones, temas, menus, wallpapers, barras de ferramentas, etc.
Existem também alguns outros componentes não tão básicos, mas que também acompanham os ambientes de desktop, como gerenciadores/exploradores de arquivos e lançadores de aplicativos, por exemplo.
A grande maioria dos DEs possui um conjunto de utilitários, aplicativos e ferramentas que garantem aos usuários uma experiência uniforme, que muitas vezes independe da distribuição utilizada.
Em suma, e mais uma vez, o desktop environment serve para que o usuário seja capaz de operar o sistema operacional (em nosso caso, o Linux) de forma gráfica, utilizando inclusive o mouse.
Servidor de exibição ou ambiente de desktop?
É importante separarmos as coisas neste ponto, até mesmo para que você entenda melhor tudo isto. E você provavelmente já ouviu falar em “servidor de exibição”, ou “servidor gráfico” (ou até mesmo “display server“).
Provavelmente, você também já leu algum artigo ou notícia mencionando o Xorg ou o Wayland. Pois bem, o que temos aqui são os tais servidores gráficos.
Abaixo do ambiente de desktop há sempre um servidor de exibição. Na verdade, o servidor de exibição representa a fundação sobre a qual o ambiente de desktop trabalha.
Assim, não confunda: a definição de ambiente de desktop está nos dois capítulos anteriores. E agora você já sabe o que é um servidor de exibição, componente que trabalha em um nível bem mais baixo no sistema.
É o servidor de exibição, dessa forma, que literalmente faz com que a “mágica” aconteça, criando tudo aquilo que você enxerga em seu monitor. É ele também que controla o posicionamento do cursor do mouse, bem como “desenha” a seta que você movimenta.
Porém, não desejo aqui complicar as coisas. Apenas resolvi mencionar os servidores de exibição neste momento para que você não os confunda com os ambientes de área de trabalho.
Tudo isto pode até mesmo assustar um pouco, pelo menos no início, principalmente porque ainda existem os gerenciadores de janelas (windows managers), que podem inclusive ser utilizados de forma independente. Mas vamos com calma. Isto tudo talvez seja assunto para um outro guia.
E agora que você já sabe o que é um ambiente de área de trabalho, vamos conferir alguns dos mais interessantes e largamente utilizados no Linux, na atualidade.
Alguns ambientes de área de trabalho para Linux
Como você já deve ter percebido, o Linux na verdade é uma espécie de “conjunto de pacotes”, que inclui diversos elementos que devem funcionar de forma integrada para que o usuário desfrute de um sistema operacional completo.
Tudo isto ajuda a transformar o sistema operacional livre (porém, lembre-se que a princípio o Linux é apenas o kernel) em algo extremamente customizável, capaz de se adequar a inúmeras necessidades e preferências.
Existem muitas distros Linux disponíveis. Uma olhada rápida no site DistroWatch, aliás, é capaz de surpreender qualquer pessoa.
E além de inúmeras ótimas distribuições, também existem diversos ambientes de área de trabalho, ou ambientes de desktop (ou DEs).
Ou seja, com tudo isto em mente, você também pode pensar nos DEs como “roupagens”. Da mesma forma, existem algumas “roupas” mais pesadas e outras mais leves.
Determinados ambientes ajudam a fazer com que determinadas distros sejam mais leves, enquanto outros são bastante apelativos, visualmente, e assim requerem máquinas mais modernas.
Assim, quando se trata de distribuições Linux, inúmeras opções estão disponíveis. Existem também “sabores” diferentes em várias distros, os quais acompanham diferentes ambientes de desktop.
Cada ambiente de desktop, além disso, oferece seu próprio conjunto de recursos e características iniciais, sendo que eles podem, a partir daí, ser customizados de diferentes maneiras.
Por exemplo, GNOME, KDE Plasma e XFCE são apenas alguns exemplos de DEs, que oferecem experiências únicas e bem diferentes entre si.
Veja agora mais detalhes a respeito de alguns destes desktop environments.
KDE Plasma: um ambiente de área de trabalho muito customizável
O KDE Plasma é um ambiente de área de trabalho muito popular no Linux. Ele é conhecido por ser bastante personalizável e flexível.
O KDE Plasma oferece uma ampla variedade de opções de configuração, permitindo que você ajuste quase todos os aspectos do seu ambiente de trabalho, tanto em relação à aparência quando no que diz respeito ao comportamento.
O KDE Plasma também oferece uma grande quantidade de aplicativos integrados, o que faz dele uma excelente opção para o usuário que deseja uma experiência de desktop completa e, acima de tudo, moderna e extremamente elegante.
No Plasma, você é capaz de alterar uma gama enorme de configurações. Deseja uma barra de tarefas no topo da tela ou na parte superior? Sem problemas, e este ajuste é feito de forma muito simples.
O KDE Plasma é um software open source, desenvolvido e mantido por uma organização sem fins lucrativos. Através dele, a sua área de trabalho pode ficar da maneira exata que você deseja, com possibilidades de ajustes bem altas.
Existe também uma grande variedade de temas e estilos, capazes de transformar radicalmente a experiência. Além disso, você deseja utilizar efeitos de transparência? Isto também é muito simples no KDE.
O ambiente de desktop também disponibiliza um grande número de widgets e extensões, que você inclusive pode usar como base para criar os seus próprios. Particularmente, este é meu DE favorito. Utilizo-o diariamente e não me canso de customizá-lo.
Trata-se, além disso, do ambiente de área de trabalho padrão nas distros Kubuntu (um dos sabores oficiais do Ubuntu) e KDE Neon, dentre outras.
GNOME: o ambiente de desktop mais popular
O GNOME é o ambiente de desktop padrão no Ubuntu. De fato, este é um dos DEs mais populares na atualidade, utilizado em muitas distros diferentes.
Muito conhecido por sua interface moderna e um tanto quanto diferente, o GNOME, entretanto, não é um ambiente de desktop adequado a máquinas mais simples e/ou antigas.
De fato, o DE exige um pouco mais em termos de hardware, sendo uma excelente opção em caso de computadores mais “parrudos”.
Sua interface visa proporcionar ao usuário uma experiência única, bem distinta daquela que geralmente é encontrada no Windows, por exemplo. Assim, há uma barra de tarefas na parte superior da tela e um menu de aplicativos no canto esquerdo.
O GNOME, por outro lado, também oferece muitas opções de personalização, sendo também um ambiente de desktop muito fácil de usar.
Além do Ubuntu, existem várias outras distros que fazem uso do GNOME, como o Fedora, por exemplo.
XFCE: um ambiente de desktop leve e rápido
Se você busca rapidez e/ou possui um hardware mais antigo, o XFCE é uma excelente alternativa. Além disso, o ambiente de área de trabalho, embora leve, conta com uma aparência moderna e agradável, limpa e fácil de usar.
O XFCE também oferece um certo nível de personalização, permitindo que você ajuste a aparência e o comportamento do ambiente de trabalho de várias formas, conforme sua preferência. Claro, não espere pelo mesmo alto nível de customização do KDE Plasma.
De qualquer modo, o DE representa uma excelente alternativa, e mesmo que você tenha um hardware mais recente, ele ainda é uma ótima opção, pelo menos se você está em busca de “performance acima de tudo”.
Existem inúmeros módulos disponíveis, cada um deles parte de seu próprio projeto de código aberto. Você pode utilizar o XFCE através de várias distros, incluindo o Manjaro (há uma edição da distribuição com este DE).
O ambiente de desktop leve e rápido também é padrão no MX Linux, por exemplo. De qualquer forma, uma busca rápida no Google retorna diversos resultados muito atraentes.
Cinnamon: moderno e elegante
O Cinnamon é um ambiente de desktop bonito e elegante, que na verdade começou como um fork do GNOME Shell.
Trata-se de um DE que também é padrão na distro Linux Mint, oferecendo uma experiência de usuário intuitiva e agradável.
O Cinnamon é muito conhecido devido à sua aparência elegante e aos recursos avançados, além de também ser muito customizável.
A customização, além disso, pode ser alcançada no Cinnamon de forma bem simples e intuitiva. Além disso, existem inúmeros temas e módulos disponíveis, capazes de deixar o ambiente de área de trabalho ainda mais personalizado.
A interface de usuário é rápida e muito apelativa visualmente, e o DE também não é muito exigente em termos de hardware.
O Cinnamon também é uma excelente escolha para usuários que estão vindo do Windows, graças a uma certa familiaridade entre alguns elementos de ambas as interfaces (Windows e Linux + Cinnamon).
Também existem várias distros que fazem uso do Cinnamon, além do próprio Linux Mint. Você pode optar, por exemplo, pelo Artix Linux, além da versão específica do Manjaro.
Conclusão
O Linux dá ao usuário enormes poderes, em diversos sentidos. No que diz respeito ao assunto deste guia, as possibilidades de customização e a flexibilidade são enormes.
Diferentes ambientes de desktop também garantem experiências de uso únicas e bastante apelativas visualmente.
Através das diversas interfaces disponíveis, o sistema operacional do pinguim pode se adequar às mais variadas necessidades e preferências.
Através deste guia, você pôde conferir uma introdução com foco em iniciantes e voltada aos ambientes de área de trabalho no Linux.
Além disso, este guia também fornece informações a respeito de 4 (quatro) DEs diferentes. Trata-se apenas de algumas dentre várias outras disponíveis, é claro, mas elas certamente estão entre as mais utilizadas atualmente.
Espero que você tenha apreciado o conteúdo. Em caso de dúvidas ou sugestões, não hesite em deixar um comentário.
Até a próxima!
Sou iniciante no Linux. Isto aconteceu porque queria conhecer o sistema e também dar uma sobrevida a um notebook antigo. Adotei inicialmente o ambiente de desktop Mate, mas acabei por ficar com o XFCE que a meu ver é excelente e eficiente. Isto ocorre há uns 5 anos e desde então o velho notebook está firme e forte. As distros estão abandonando os i386 e isto preocupa. Uso o Debian 11. Parabéns pelo blog e conteúdo.
Olá, César. Tudo bem?
Muito obrigado pelas palavras!
Com certeza, o XFCE é ótimo. E ainda tem isso que você mencionou: ele ajuda a aumentar a vida útil de hardware mais antigo, por exemplo.
Grande abraço!