Através de comandos no Linux você pode realizar uma série de tarefas. No sistema operacional do pinguim, além disso, podemos dizer que os comandos representam um elemento muito importante.
Um comando pode tanto representar uma aplicação quanto um atalho ou “apelido” para determinada tarefa (ou até mesmo um conjunto com vários outros comandos).
O terminal permite que várias tarefas sejam executadas de forma rápida e ágil. Além disso, através dele você ganha poder, além da certeza de que um mesmo procedimento pode ser feito de modo idêntico em outros computadores, independentemente da distribuição que você utilize.
Obviamente, podem existir diferenças dependendo da distro em questão, principalmente em relação aos gerenciadores de pacotes, por exemplo.
Em suma, porém, os comandos no Linux proporcionam agilidade e versatilidade. Nesse sentido, este guia faz parte de uma série voltada ao usuário iniciante, sendo que a primeira parte pode ser acessada através deste link.
Na primeira parte desta nossa série existem capítulos dedicados a uma pequena história do terminal Linux, além de detalhes sobre emuladores de terminal, shell e prompt de comando.
Esta primeira parte também inclui capítulos com detalhes a respeito de comandos, flags e argumentos, além de uma pequena tabela contendo comandos básicos e seus respectivos usos.
Por outro lado, de agora em diante entraremos em detalhes mais aprofundados a respeito de alguns comandos. Mais especificamente, a respeito de comandos voltados à navegação através de diretórios e obtenção de várias informações.
Tudo de forma detalhada, é claro, porém de forma a ajudar o usuário iniciante em seus primeiros passos no terminal do Linux.
Comandos no Linux: navegação e informações
Através deste segundo guia básico para iniciantes no Linux você conhecerá alguns comandos importantes. Comandos que fazem parte do dia a dia de quem adota o sistema operacional livre.
Comandos, muitas vezes, cruciais, pois estão presentes em tarefas corriqueiras. Assim, de forma didática e sempre através de vários exemplos práticos, você conhecerá comandos básicos porém imprescindíveis.
Alguns comandos cobertos neste guia possibilitam a navegação através de diretórios. Outros, por outro lado, permitem a obtenção de informações a respeito do espaço em disco, por exemplo (dentre outros detalhes).
Preparando o ambiente
Para que você entenda os exemplos práticos deste tutorial, bem como para que possa praticar, sugiro a criação de alguns diretórios e arquivos para os nossos testes.
Em primeiro lugar, portanto, abra seu terminal e execute o comandos abaixo:
mkdir -p ~/testes/{origem,destino} | echo 'arquivos para testes' | tee ~/testes/origem/arquivoOrigem1.txt ~/testes/origem/arquivoOrigem2.txt ~/testes/destino/arquivoDestino1.txt ~/testes/destino/arquivoDestino2.txt
Agora, para que você entenda o que foi feito através do comando que acabou de executar:
- Através do comando
mkdir
, foram criados os diretórios~/testes/origem
e~/testes/destino
, lembrando que através do atalho~/
nós solicitamos a criação dentro do diretóriohome
do nosso usuário. Por exemplo, no meu caso, foram criados os diretórios/home/marcos_zy/testes/origem
e/home/marcos_zy/testes/destino
;
- Através do comando
echo
, o texto informado (arquivos para testes
) foi adicionado aos arquivos criados na sequência (abaixo);
- Mediante o comando
tee
, foram criados 4 arquivos .TXT, sendo que em todos eles o texto “arquivos para testes
” foi inserido. Os arquivos criados dentro de~/testes/origem
e~/testes/destino
foram:arquivoOrigem1.txt
,arquivoOrigem2.txt
,arquivoDestino1.txt
earquivoDestino2.txt
, respectivamente.
Não se preocupe, neste momento, se você não entender muito bem este (longo) comando. Com o tempo, bem como através do conteúdo deste guia e dos próximos, você compreenderá tudo perfeitamente.
Sobre letras maiúsculas e minúsculas em nomes de arquivos e pastas
Antes de mais nada, é importante que você tenha em mente que o Linux é case sensitive. Isto significa que, quando se trata de lidar com nomes de arquivos e diretórios, o sistema operacional diferencia letras maiúsculas e minúsculas.
Ou seja, dentro de um mesmo diretório pode existir (ou você pode criar) um subdiretório chamado destino
e outro chamado Destino
(com “D” maiúsculo”).
Observe a imagem abaixo, por exemplo. Veja que em nosso diretório de teste eu criei uma pasta adicional, chamada Destino
. Você também pode criá-la, através do comando:
mkdir ~/testes/Destino
Agora, a imagem:
Agora vamos dar uma olhada em alguns comandos no Linux para navegação e informações.
Comandos no Linux para ajuda/help
É interessante que você também saiba onde buscar ajuda. E no Linux, felizmente existem alguns comandos que ajudam bastante, nesse sentido.
Você pode obter ajuda diretamente no terminal, sendo que alguns comandos exibem informações detalhadas a respeito de inúmeros outros comandos no Linux.
Comando man
O man
permite que você visualize o manual de um comando diretamente no prompt de comando. Informações detalhadas são geralmente exibidas, e o comando também disponibiliza opções e exemplos de uso.
Você encontra manuais bem completos, na verdade, através do uso deste comando. Além disso, cada manual é dividido em várias seções, para melhor organização.
A sintaxe básica do comando man
é a abaixo:
man [comando]
Ou seja, você deve digitar man
seguido de um espaço e do nome do comando sobre o qual deseja informações. Por exemplo, para obter o manual do comando cd
:
man cd
E assim você obterá uma saída semelhante à abaixo:
E para fechar um manual aberto, basta digitar :
(dois pontos) + q
.
Comando whereis
O whereis
também funciona como um elemento de ajuda ao usuário. Aqui, entretanto, você recebe a localização, no seu computador, do arquivo binário, do código fonte e da página de ajuda.
O whereis
retorna resultados tanto para comandos quanto para aplicativos instalados. Utilizá-lo é também muito fácil: simplesmente digite whereis
+ o comando sobre o qual deseja obter informações.
Por exemplo:
whereis shutter
Comando whatis
Deseja informações rápidas e sucintas sobre determinado comando ou programa instalado? O whatis
é ideal, neste caso.
Para utilizá-lo, apenas digite whatis
+ o nome do aplicativo ou comando. Por exemplo:
whatis pwd
Comandos no Linux: navegação e informações
Agora você conhecerá alguns comandos básicos do Linux. Comandos para que você possa não apenas navegar entre os diretórios, mas também obter diversas informações importantes.
Entendendo os caminhos no Linux
Antes de mais nada, e até mesmo funcionando como uma base para que você entenda os comandos e procedimentos abaixo, aqui vão algumas informações adicionais.
É importante que você entenda os caminhos (paths
) no Linux. Neste sistema operacional, tudo começa na raiz (root
).
A raiz é representada por uma barra comum (/
), sendo que esta mesma barra também é usada para a separação de diretórios e subdiretórios.
Assim, por exemplo, no diretório /home/marcos_zy/testes/origem
, que criamos para os nossos testes (veja acima), ocorre que:
origem
está dentro detestes
. Este último, por sua vez, está dentro demarcos_zy
, o qual encontra-se dentro de/home
.
Entendendo caminho absoluto e caminho relativo
Com tudo isto, chegamos ao ponto em que você também deve entender o que são caminhos absolutos e caminhos relativos.
Um caminho absoluto inicia-se sempre na raiz (/
). Ou seja, /
sempre representará um caminho absoluto, assim como /diretorio/subdiretorio
(por exemplo, /usr/bin
).
Da mesma forma, é possível acessar/informar caminhos absolutos independentemente do local em que você se encontra, pois eles representam o endereço completo, que inclui inclusive o “ponto de início” (ou seja, /
).
Através da informação de caminhos absolutos no terminal, basicamente você pode navegar de qualquer ponto para qualquer outro ponto.
Por exemplo, de ~/testes/destino
para /usr/bin
. E assim por diante.
Caminhos relativos, por outro lado, levam sempre em consideração o diretório atual. Assim, se você estiver dentro do diretório ~/testes
e desejar navegar até ~/testes/destino
, não é preciso informar o caminho absoluto para a mudança.
Ou seja, neste caso, basta apenas digitar cd destino
. Veja:
De modo similar, se você estiver dentro de ~/testes/destino
e desejar navegar até /usr/bin
usando caminhos relativos, deverá “descer” na árvore de diretórios, até chegar na raiz (/
), e a partir daí acessar primeiramente o diretório usr
e em seguida o diretório bin
.
Além disso, não existe, aqui, um “modo melhor” ou um “modo pior”: tudo depende da situação. Mas é importante que você tenha estes conceitos em mente, a partir de agora.
Comandos no Linux: cd
Talvez o cd
seja um dos comandos mais usados no Linux. Seu nome vem de change directory (mudar diretório), e é através dele que você navega através das várias pastas no sistema.
Você pode utilizar o comando cd
tanto com caminhos absolutos quanto com caminhos relativos, é claro.
Através de um caminho absoluto:
cd /home/usuario/Documentos
Através de um caminho relativo (estando dentro de /home/usuario
):
cd Documentos
Existem também algumas opções bem interessantes que podem ser utilizadas juntamente com o comando cd
. Veja:
Comando | Ação |
---|---|
cd - (cd + espaço + hífen) | Navega até o diretório em que você estava anteriormente |
cd .. – (cd + espaço + 2 pontos) | Navega até o diretório “pai” (“descendo” na árvore de diretórios) |
cd (apenas cd) | Navega até o diretório home do usuário |
cd ~ (cd + espaço + til) | Também navega até o diretório home do usuário |
cd ~/ (cd + espaço + til + barra) | Idêntico ao cd ~ (acima) |
Comandos no Linux: pwd
Através do pwd
você descobre o caminho completo. O nome deste comando vem de “print working directory” (imprimir diretório de trabalho).
Ou seja, simplesmente digitando pwd
no prompt de comando, você recebe o path de onde está. Uma ótima forma de não se perder, não é?
Agora mesmo, por exemplo, eu acabei de usar o pwd
. E ele exibiu o seguinte, no próprio terminal (indicando o ponto em que eu estou localizado):
/etc/systemd
Comandos no Linux: ls
O comando ls
exibe/lista o conteúdo de um diretório. Ou seja, através dele você é capaz de visualizar todos os arquivos e diretórios contidos no path
onde se encontra.
Se você digitar ls
agora mesmo na linha de comando e teclar ENTER
em seguida , obterá a listagem de tudo o que o diretório atual contém.
Existem outras formas de uso deste comando, é claro. ls -l
, por exemplo, retorna diversas informações adicionais.
Agora temos tipos dos arquivos, permissões, grupos, proprietários e tamanhos de arquivos, dentre outros elementos.
Porém, você pode também visualizar os arquivos ocultos (cujos nomes são iniciados com um ponto), através do comando ls -a
(este é o caso do .htaccess
– veja mais detalhes, por exemplo).
Além disso, é possível também incluir várias opções simultaneamente em um mesmo comando, para resultados ainda mais satisfatórios.
Dessa forma, juntando o -h
(human readable, ou legível por humanos) às opções vistas acima, teremos o seguinte comando:
ls -lha
E o resultado, em nosso diretório de testes, será o seguinte (perceba que através da flag -h
temos agora os tamanhos dos arquivos de forma compreensível):
Ainda existem outros modos de uso do comando ls
, é claro. Por exemplo, através deste outro método, você obtém uma listagem do conteúdo de uma pasta, com classificação baseada na data e horário da última modificação.
Neste caso, o conteúdo modificado recentemente aparece em primeiro. Segue o comando:
ls -lt
Agora veja o resultado:
Agora, o comando abaixo lista os subdiretórios contidos no local em que você está, incluindo seus respectivos conteúdos. Tudo de forma recursiva, sendo que o resultado até mesmo se assemelha a uma árvore de diretórios:
ls -R
Confira o resultado (ou, pelo menos, a parte dele que coube na tela):
Comandos no Linux: du
Através do comando du
você pode obter, de forma rápida, informações a respeito do uso de disco (afinal de contas, du
vem de disk usage).
Através do du
você pode descobrir o espaço ocupado em disco por determinados arquivos e diretórios.
Por padrão, este comando trabalha com base no diretório em que você se encontra. Ou seja, se você estiver dentro do diretório ~/testes/destino
, o du
exibirá o tamanho total desta pasta.
Também é possível utilizar este comando juntamente com algumas flags. A flag -h
, por exemplo, faz com que o espaço utilizado pelo diretório seja exibido de modo human readable (legível por humanos).
Use do seguinte modo:
du -h
Agora, através do uso da opção -c
o du
oferece uma totalização na última linha:
du -c
E através da flag -a
você obtém uma listagem geral, incluindo o espaço em uso por cada arquivo e diretório (ou seja, aqui você deve usar du -a
).
E como você já deve certamente ter percebido, no Linux sempre existem vários modos de atingirmos um mesmo resultado.
Dessa forma, podemos inclusive combinar as opções -a
e -h
, para a obtenção de uma listagem completa com a devida informação dos tamanhos individuais de arquivos e pastas, de forma legível:
du -ah
Agora, veja os resultados dos comandos acima:
Através deste comando essencial, além disso, você também pode conferir o uso de espaço em disco de qualquer diretório, independentemente de onde você se encontra (confira sempre através do comando pwd
).
Ou seja, você pode utilizar uma sintaxe como a abaixo, por exemplo:
du -ah /caminho/completo
Por exemplo:
du -ah /etc/cron.d
Assim, um resultado semelhante ao abaixo poderá ser obtido:
Comandos no Linux: df
Eis aqui outro comando importante, que também lida com os discos da máquina em que você se encontra. O comando df
(abreviação para disk free, ou algo como “livre em disco”), porém, é capaz de retornar detalhes sobre o espaço total e o espaço disponível.
Através deste prático comando, você descobre de forma rápida o total de espaço livre em suas partições, bem como o total que está ocupado.
Veja:
Porém, existem outros modos de uso, através de diversas opções bastante úteis. Através da flag -h
, por exemplo (human readable), você obtém as informações relativas a tamanhos, espaço utilizado e espaço disponível em MB ou GB (ou até mesmo em TB).
Use da seguinte forma, portanto:
df -h
E um resultado semelhante ao abaixo será obtido:
Repare que, desta vez, o conjunto de informações é bem mais compreensível. Observe, além disso, as colunas “Tam.” (tamanho), “Usado” (total de espaço em uso), “Disp.” (total de espaço disponível) e “Uso” (percentual de uso).
Perceba que o comando df
, dessa forma, também exibe os pontos de montagem de cada partição, uma informação que pode ser bem útil, dependendo da situação.
Você também pode utilizar o comando df
da seguinte forma, para obter informações a respeito dos sistemas de arquivos:
df -T
E, é claro que este comando também pode ser utilizado para obtermos informações relativas a espaço disponível e utilizado em apenas uma partição ou ponto de montagem.
Por exemplo, digamos que você precisa saber o espaço total na sua partição /home
(em meu notebook, o diretório home
encontra-se em uma partição separada).
Isto também é muito simples, e você pode utilizar a seguinte sintaxe:
df -h /caminho/para/particao
Por exemplo:
df -h /home
Veja o resultado:
Lembre-se também de que a qualquer momento você pode utilizar o comando man
para acessar os manuais dos comandos.
Por exemplo, para o manual do comando df
, use o seguinte:
man df
E assim por diante.
Conclusão
Através deste guia para iniciantes sobre comandos básicos para navegação e informações no Linux, você obteve uma base sólida para continuar desbravando o sistema operacional do pinguim.
Além disso, através de informações básicas e iniciais a respeito dos caminhos relativo e absoluto, você obteve ainda mais detalhes importantes, os quais certamente irão garantir que você nunca mais se perca dentro do terminal.
Através de inúmeros exemplos práticos, alguns comandos de navegação e obtenção de informações foram demonstrados.
Com eles, bem como através da leitura da parte 1 desta série, você tem em mãos ferramentas e conhecimento que certamente ajudarão em sua rotina diária com o Linux.
Finalmente, é sempre importante ressaltar algo que, em minha opinião, conta bastante a favor deste sistema operacional livre: a possibilidade de atingir um mesmo resultado através de vários métodos diferentes.
O Linux, como você pode perceber, é gigante. Ele dá grandes poderes ao usuário, mas mesmo assim (e este é um dos objetivos desta série) ele também pode ser extremamente amigável e personalizável.
Espero que você tenha gostado deste guia. Caso tenha alguma dúvida ou sugestão, não hesite em deixar um comentário.
Até a próxima!
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