Distribuição Linux: um guia completo para iniciantes e entusiastas

por | 07/06/2023 | Distros

Compreender o que é uma distribuição Linux é muito importante, se você utiliza (ou pretende usar) esta “família” de sistemas operacionais.

Com mais de três décadas de existência, o Linux se transformou em algo largamente utilizado no mundo da tecnologia.

Muito flexíveis e oferecendo níveis bem altos de segurança, várias distribuições Linux representam a opção perfeita para administradores de sistemas, desenvolvedores e entusiastas de tecnologia.

Além disso, você também pode (ou deve) se interessar pelo Linux devido ao fato de que se trata de um sistema operacional de código aberto.

Dessa forma, você pode sempre esperar por enormes possibilidades no que diz respeito a personalização e excelente performance, por exemplo.

Existem distros Linux muito apropriadas para o usuário iniciante, bem como distribuições voltadas a usuários mais experientes.

Da mesma forma, também existem distros capazes de “ressuscitar” computadores antigos, assim como existem distros muito apropriadas para jogos.

Obs: e, claro, também existem várias distribuições com foco em servidores.

Nesse sentido, tenha também sempre em mente o fato de que existem centenas de distribuições diferentes, cada uma com suas respectivas características.

Assim, você pode encontrar uma certa dificuldade no momento de escolher a opção mais apropriada às suas necessidades.

Uma pequena história do Linux

Pensando em todas estas eventuais dificuldades, elaborei este guia completo, através do qual você entenderá o que é uma distribuição Linux.

Além disso, este guia também conta com uma pequenina lista de distros Linux populares, para que você obtenha um melhor entendimento.

Linux - Tux

Antes, porém, vamos a alguns acontecimentos importantes, que ajudaram a moldar o Linux como o conhecemos atualmente.

Como tudo começou?

Linux, na verdade, é uma “família” de sistemas operacionais, e ao longo deste artigo você entenderá porque estou dizendo isto.

Em 1991, um estudante universitário finlandês chamado Linus Torvalds criou o kernel Linux com base em um sistema operacional chamado Minix.

Este, por sua vez, é um sistema operacional de código aberto desenvolvido por Andrew S. Tanenbaum e lançado em 1987.

Tanenbaum é um renomado professor universitário, autor de diversos livros a respeito de ciência da computação, os quais são referência no mundo inteiro.

Além disso, é importante mencionar que o Minix de Tanenbaum tem raízes no Unix (S.O. existente desde a década de 70), da mesma forma que o próprio Linux, é claro.

Dessa forma, Linus Torvalds tinha em mente criar um sistema operacional que rodasse de modo adequado em seu “novo” computador 80386, e que também permitisse que ele acessasse o servidor Unix da universidade onde estudava.

É até mesmo interessante observarmos que durante o processo de desenvolvimento (e até algum tempo depois), Torvalds tratava tudo como um hobby.

A mensagem para a Usenet

Até mesmo sua mensagem na antiga rede Usenet citava o desenvolvimento do novo sistema operacional como um “passatempo”. Foi através desta mensagem, aliás, que o Linux foi divulgado.

É interessante também notar o fato de que o então estudante finlandês solicitou, através da mesma Usenet, opiniões sobre seu projeto, incluindo elementos que as pessoas gostavam ou não no Minix.

Nesse sentido, você também pode conferir abaixo a mensagem original de Linus Torvalds (em minha tradução livre):

Olá a todos que usam o Minix,

Estou criando um sistema operacional (livre – é apenas um hobby, não será grande e profissional como o GNU) para máquinas AT 386 (486). Ele tem sido amadurecido desde Abril, e está começando a ficar pronto. Eu gostaria de opiniões sobre coisas que as pessoas gostam/não gostam no Minix, uma vez que meu SO lembra um pouco ele (mesmo layout físico do sistema de arquivos (devido a razões práticas) entre outras coisas).

Eu já portei o bash (1.08) e gcc (1.40), e as coisas parecem funcionar.

Isto significa que conseguirei algo prático dentro de alguns meses, e eu gostaria de saber quais recursos a maioria das pessoas gostaria.

Todas as sugestão são bem-vindas, mas eu não prometo implementá-las.

A partir daí, Torvalds percebeu que um grande número de pessoas começou a demonstrar interesse pelo seu projeto.

E isto certamente deve tê-lo surpreendido, naquela época, pois percebemos claramente que ele não tinha lá muitas pretensões em relação ao seu “hobby”.

O resto provavelmente é história, e ao longo dos anos a “família” de sistemas operacionais Linux aumentou e se transformou em parte essencial do mundo da tecnologia.

Várias distribuições diferentes, únicas e com finalidades muitas vezes específicas, foram lançadas ao longo dos anos.

Indivíduos e organizações no mundo inteiro trabalham muitas vezes de forma voluntária, desenvolvendo e mantendo diferentes distros e software livre de altíssima qualidade.

A origem do nome Linux

Neste ponto, também existem várias polêmicas. Ainda hoje, muitas pessoas debatem se devemos utilizar o nome GNU/Linux ou simplesmente Linux (e, na verdade, o Linux é o kernel).

Obs: não confunda, aliás, com o sistema operacional Unix-like GNU (GNU is Not Unix, ou GNU Não é Unix), desenvolvido por Richard Stallman.

O fato é que, inicialmente, Torvalds desejava nomear seu kernel recém criado como Freax (uma mescla de “free = livre”, “freak = doido, bizarro, esquisito” e X, de Unix).

Porém, foi Ari Lemmke, seu colega na universidade de Helsinque, quem batizou o novo kernel.

Lemmke, que também administrava um servidor FTP, estava insatisfeito com o nome Freax. Dessa forma, ao criar um diretório para que Torvalds hospedasse seu projeto, deu a este o nome de linux (uma contração de “Linus’s Unix“, ou “Unix de Linus”). E assim o novo kernel foi nomeado.

Este nome de diretório, além disso, foi utilizado sem que Linus Torvalds tivesse sido consultado. Porém, todos sabemos que ele acabou aceitando o nome de forma muito rápida.

E agora chegou o momento de, finalmente, você entender o que é uma distribuição Linux.

O que é uma distribuição Linux?

Uma distribuição Linux (ou distro Linux) é um sistema operacional que tem como base o kernel Linux, originalmente criado por Linus Torvalds.

O kernel é um dos componentes principais de um sistema operacional. Trata-se do núcleo, do coração, da camada mais baixa do sistema operacional.

É o kernel, também, o responsável pelo gerenciamento dos recursos de hardware do computador, como memória, CPU e dispositivos de entrada e saída, por exemplo.

Porém, o kernel sozinho não é suficiente para que você obtenha um sistema operacional completo e funcional. E é justamente aqui que entram as distribuições Linux.

Blocos

Ou seja, uma distribuição Linux é na verdade um conjunto de software. Um “pacote”, que contém, além do kernel, vários outros programas imprescindíveis.

Obs: além disso, o kernel Linux é open source e gratuito. Qualquer pessoa pode baixar seu código-fonte e, a partir daí, compilá-lo como o primeiro passo para a criação de seu próprio sistema operacional.

Obs 2: você também provavelmente já ouviu alguém falar que “o Linux é um kernel“. E, bem, esta é a mais pura verdade.

Os componentes de uma distribuição Linux

Dentre os componentes de uma distribuição Linux encontram-se, por exemplo:

  • Programa instalador;
  • Servidor gráfico (X, Wayland, etc);
  • Sistemas de gerenciamento de pacotes (APT, RPM, Pacman, Portage, etc);
  • Carregadores de inicialização (GRUB, por exemplo);
  • Sistemas de inicialização (systemd, por exemplo);
  • Drivers;
  • Softwares e ferramentas diversos (editores de texto, navegadores web, etc).

Cada distribuição Linux é verdadeiramente única, e apresenta sua própria seleção de software e configurações padrão, bem como gerenciadores de pacotes e identidade.

Obs: obviamente, algumas distros podem ter alguns (ou vários) elementos em comum, como gerenciadores de pacotes, instaladores, softwares pré-instalados, etc.

Algumas delas, além disso, são projetadas para finalidades específicas. Dessa forma, você também encontra distros voltadas a servidores, além de alternativas pensadas nos computadores domésticos e notebooks.

Outras, por outro lado, são mais genéricas, podendo ser utilizadas (ou adaptadas) em uma ampla variedade de situações.

E agora retornamos ao termo “família de sistemas operacionais”. Você certamente já se deparou com este termo e, bem, na verdade, esta tal “família” é formada pelas diferentes distros disponíveis.

Ou seja, trata-se de uma “família” composta por vários sistemas operacionais completos e de código aberto, todos baseados no kernel Linux.

Distros são espécies de grandes “pacotes” formados por diversos “pedaços” que, uma vez unidos, representam então um sistema operacional plenamente funcional, como o Ubuntu, o Manjaro, o Pop!_OS, e assim por diante.

Distribuição Linux: alternativa a sistemas proprietários

Perceba, portanto (e aqui considerando a palavra temporariamente de forma “errônea), que o Linux em geral representa uma alternativa popular e extremamente interessante aos sistemas operacionais proprietários e fechados, como o Windows.

Uma distribuição Linux de qualidade (e existem muitas, acredite) é capaz de substituir o Windows plenamente, em um número bem grande de situações.

Quando se trata destes sistemas operacionais livres, além disso, é importante ressaltar também o quesito “custo zero”, que pode ser muito vantajoso para profissionais e empresas de qualquer porte.

Além disso, através de distros mais “genéricas”, e/ou focadas no usuário doméstico, você é capaz de realizar todas as tarefas diárias que exijam o uso de um computador.

Grandes distribuições Linux geralmente contam com comunidades enormes de usuários, desenvolvedores e entusiastas, e dessa forma, é muito fácil encontrar ajuda para eventuais problemas do dia a dia.

Distribuição Linux: algumas categorias

Existem vários tipos diferentes de distribuições Linux, cada um deles com suas próprias peculiaridades e objetivos.

Uma consulta rápida ao site DistroWatch, por exemplo, pode resultar em números impressionantes. São centenas de distros, porém, algumas das categorias mais comuns incluem:

  • Distribuições para uso doméstico: desenvolvidas para utilização em desktops e notebooks, equipadas com ambientes de desktop e vários aplicativos de uso diário;
  • Distribuições para servidores: projetadas para uso em servidores web ou de rede, com ênfase em segurança, estabilidade e alto desempenho;
  • Distribuições para dispositivos embarcados: criadas para uso em dispositivos integrados, como roteadores, sistemas de automação residencial e dispositivos IoT;
  • Distribuições para jogos: desenvolvidas com foco em quem aprecia jogos eletrônicos, repletas de recursos dedicados, drivers e codecs (incluindo proprietários), ótimo visual, grande variedade de jogos e ferramentas relacionadas;
  • Distribuições para recuperação de dados: projetadas de modo a proporcionar um ambiente perfeito para tarefas de recuperação de arquivos e dados em sistemas corrompidos e/ou danificados.

Algumas distribuições Linux populares

Você encontra facilmente diversas distros fáceis de usar e repletas de recursos. Há até mesmo distros que “aliviam as coisas”, no caso de opções mais “complexas”.

Por exemplo, algumas distros específicas são baseadas no Arch Linux, o qual é conhecido pelo seu alto grau de complexidade.

Através destas distribuições específicas, portanto, é como se você experimentasse uma versão mais amigável do Arch Linux. E assim por diante.

Agora, porém, seguem algumas distros bastante populares, para que você tenha um panorama melhor.

Ubuntu

O Ubuntu, da Canonical, é uma das distribuições Linux mais populares e largamente utilizadas no mundo inteiro.

Trata-se de uma distribuição baseada no Debian, concentrada em oferecer grande facilidade de uso, excelente disponibilidade de aplicativos e ferramentas, e instalação descomplicada.

Ubuntu

Particularmente, conheci o Ubuntu através do finado programa “ShipIt”, através do qual a Canonical despachava CDs contendo a distro para o mundo todo.

O Ubuntu pode ser utilizado em desktops e notebooks, mas também conta com uma versão voltada a servidores.

Esta famosa distribuição (pelo menos em sua versão mais comum) inclui o ambiente gráfico GNOME, o qual também é extremamente fácil de usar.

Obs: existem também vários sabores do Ubuntu (Ubuntu flavours), cada um com seu próprio ambiente de desktop.

A distribuição também disponibiliza o gerenciador de pacotes APT, que facilita bastante os processos de instalação, atualização e desinstalação de programas.

Além disso, o Ubuntu Linux conta com uma grande comunidade de usuários e desenvolvedores. Optando por esta distro, você jamais ficará perdido no meio do caminho.

Arch Linux

O Arch é uma distribuição Linux que certamente agrada aos usuários mais experientes. Muito conhecido por ser extremamente flexível, a distro é rolling release, e assim você recebe atualizações de forma contínua (você sempre terá a versão mais recente do sistema operacional).

Arch Linux

Pensado para os usuários mais avançados, o Arch Linux possibilita altos níveis de controle sobre seu comportamento.

A distro não inclui nem mesmo um ambiente gráfico, o qual deve ser instalado e configurado pelo próprio usuário.

Seu gerenciador de pacotes, o Pacman, é rápido e bastante eficiente. Sua instalação padrão inclui apenas o mínimo necessário para seu funcionamento.

A partir daí, você é o responsável pela definição do que será instalado, bem como por toda e qualquer configuração (é necessário inclusive o uso do terminal de forma “pesada”, obviamente).

Red Hat Enterprise Linux (RHEL)

Red Hat Enterprise Linux, ou RHEL, é uma distribuição Linux focada no usuário corporativo. Trata-se também de um sistema operacional pago, que custa a partir de US$ 179,00 (versão Workstation) e US$ 349,00 (versão Server).

Red Hat Enterprise Linux

Apesar disto, o RHEL tem seu código fonte aberto, e os usuários/clientes da Red Hat, Inc. recebem acesso a diversas vantagens e suporte técnico.

A distribuição Linux comercial também é compatível com um grande número de aplicativos, incluindo alternativas comerciais.

Como escolher a distribuição Linux certa

Antes de optar por qualquer distribuição Linux, você deve considerar suas habilidades e necessidades.

Algumas distros são extremamente fáceis de usar, desenvolvidas com foco no usuário iniciante.

Por outro lado, existem distribuições intermediárias ou mais avançadas, com foco no usuário avançado/experiente, que deseja o máximo em controle e customização.

Também existem distribuições desenvolvidas para uso em notebooks e desktops, ao passo que outras são mais apropriadas para uso em servidores.

É essencial que você escolha uma distribuição que atenda às suas necessidades diárias, na qual você possa cuidar da manutenção sempre dentro de suas habilidades.

Ou seja, se você é um usuário iniciante, talvez seja melhor optar por uma distribuição Linux mais fácil de usar, como Ubuntu ou Zorin OS, por exemplo.

Agora, se você é um usuário mais experiente, que deseja mais flexibilidade e “poder”, pense no Arch Linux, no Gentoo, no Slackware, e assim por diante.

De qualquer modo, é crucial que você identifique todas as suas necessidades, aplicativos e ferramentas que precisa utilizar diariamente, e a partir daí inicie sua busca.

Não deixe de consultar os sites oficiais, ler as documentações, fazer testes em máquinas virtuais, etc.

Atualmente, como você provavelmente já sabe, existe “um Linux para cada pessoa”.

Conclusão

As distribuições Linux representam uma parcela muito importante no universo dos sistemas operacionais e da tecnologia em geral.

Cada distro pode oferecer inúmeros benefícios para desenvolvedores, administradores de sistemas e até mesmo para entusiastas de tecnologia.

Durante o processo de escolha, é importante que você considere suas necessidades e habilidades, bem como as características e os objetivos da distribuição em questão.

Espero que, com as informações deste guia, você esteja pronto para explorar o interessantíssimo universo das distribuições Linux, escolhendo então aquela que melhor atende às suas necessidades.

E em caso de dúvidas, por favor, não hesite em deixar um comentário. Até a próxima!

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<a href="https://teclinux.com/author/marcos-zy/" target="_self">Marcos A.T. Silva</a>

Marcos A.T. Silva

Apaixonado por tecnologia desde tenra idade, trabalha com TI há mais de 20 anos. Tem no rock and roll (em suas mais variadas vertentes) uma válvula de escape, e adora escrever guias e tutoriais, além de ser um grande entusiasta do Linux e do software livre.

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