Linux: 9 mitos que você precisa ignorar

por | 17/06/2022 | Artigos

Antes de mais nada, vale dizer que o Linux é uma “família” de sistemas operacionais Unix open source. Tudo começou em 1991, pelas mãos do finlandês Linus Torvalds.

Torvalds, aliás, criou o kernel com base no S.O. Minix. Ele talvez também não imaginasse o tamanho e a importância que seu “projeto” teria no futuro.

O Minix, por sua vez, é um S.O. (também de código aberto) criado pelo professor de computação Andrew Stuart Tanenbaum em 1987.

O Minix, além disso, é um S.O. que também se baseia em um outro. No caso, estamos falando do Unix, sistema operacional de grande importância lançado em 1969.

Linux - Terminal

As histórias aqui meio que se interligam, uma vez que um dos objetivos de Torvalds ao criar o Linux era ter em mãos um OS que rodasse em seu computador 80386.

É importante também dizer que o Minix é um sistema operacional simples, pouco exigente em termos de hardware. Assim, o então estudante de ciência da computação, que precisava acessar o servidor Unix do local onde estudava, resolveu arregaçar as mangas.

Ele, que já havia inclusive testado o Minix para esta tarefa, e não estando nem um pouco satisfeito, decidiu então usar o S.O. de Tanenbaum como base para um novo sistema, chegando então até um kernel funcional.

O resto, provavelmente, é história. Mas vale a pena dizer que tudo veio a público em 1991, quando Linus Torvalds publicou uma mensagem na antiga Usenet.

O Linux na atualidade

Mais de 30 anos se passaram desde que Linus Torvalds criou a “primeira versão” do kernel. O Linux evoluiu muito, de lá para cá, e acima de tudo é muito usado em empresas, servidores, desktops e supercomputadores ao redor do mundo.

O S.O. do pinguim também oferece mais estabilidade e segurança aos usuários, e além disso, o próprio kernel (ou núcleo) Linux é de código aberto. Assim, geralmente temos também distros gratuitas, para um grande número de casos.

Laptop

E atualmente há uma grande variedade de distros. Há distros para usuários novatos e distros para usuários mais experientes.

O que é uma distribuição Linux?

Uma distribuição Linux é um sistema operacional que inclui o kernel Linux e outros aplicativos. Criadas por organizações e comunidades do mundo todo, as distros são geralmente de código aberto e grátis para uso.

Vale também dizer que as distros podem incluir uma interface gráfica, como o KDE, o GNOME, o Xfce, o Cinnamon, o Mate, etc.

Tais interfaces ajudam a garantir uma experiência acessível e prazerosa também ao usuário com pouca experiência. Através delas, além disso, você pode fugir um pouco da linha de comando.

Comandos Linux - Ubuntu

Geralmente as interfaces gráficas permitem um alto nível de customização, bem como também se ajustam aos mais diferentes gostos.

Claro: cada distribuição acompanha um conjunto de aplicativos variados, incluindo suítes para escritório, utilitários, ferramentas, etc.

Ao optar por uma distro, além disso, você também garante a recepção de atualizações por parte da equipe responsável. Você também passa a contar com um sistema de gerenciamento de pacotes para a instalação e remoção de softwares adicionais.

E tudo isto geralmente é disponibilizado de forma grátis. No Linux em geral temos softwares livres e de código aberto. Cada distro também possui sua própria filosofia, e programas de código fechado podem ou não dela fazer parte, dependendo do caso.

O número de distros gratuitas é enorme, e a quantidade e o tipo dos softwares nelas inclusos varia bastante.

Seguem algumas distros famosas e muito utilizadas:

  • Ubuntu;
  • Mint;
  • Elementary OS;
  • Manjaro;
  • Gentoo;
  • Fedora;
  • Slackware;
  • Zorin;
  • Pop!_OS;

Cada distro possui suas próprias peculiaridades, facilidades, softwares inclusos e sistemas de gestão de pacotes. Você deve pesquisar bastante antes de optar por uma delas.

Além disso, existem distros baseadas em outras, como é o caso do Ubuntu, por exemplo (baseado no Debian).

Sobre os mitos do Linux

Embora o sistema operacional do pinguim tenha evoluído bastante, ao ponto de um desktop com o S.O. na atualidade ser perfeitamente adequado também ao usuário doméstico, uma aura de mistério ainda envolve o assunto em algumas ocasiões.

Infelizmente, muitas pessoas ainda têm a impressão errônea de que o Linux é complicado, e/ou de que seu uso deve ser restrito a administradores e desenvolvedores.

KDE Plasma
O belíssimo KDE Plasma

Assim, vários mitos foram criados em torno do S.O. Mitos que, muitas vezes, são capazes de afastar um grande número de possíveis usuários.

Existem atualmente distros muito amigáveis. A maioria perfeitamente localizada em português do Brasil, e capaz de manter o usuário afastado da linha de comando durante grande parte do tempo.

Lembre-se: trata-se de também de um sistema operacional em constante evolução, presente no mercado há mais de 30 anos. Organizações e comunidades enormes trabalham no mesmo, de forma tal a garantir aos usuários um sistema estável, seguro e bonito.

Este artigo tem por objetivo, portanto, desmistificar este assunto. Fazer com que o S.O. possa ser apreciado por você em toda a sua plenitude, livre de informações incorretas, de falsos anseios e também de medos originados nos tais mitos.

Lembre-se de que é totalmente possível usar Linux em um notebook pessoal, por exemplo. O usuário “leigo” atualmente pode desfrutar de uma enorme variedade de distros amigáveis e belas. Sem dúvida, há “um Linux para cada um”.

Distros que focam no usuário doméstico, além disso (como por exemplo Ubuntu, Mint, Kubuntu, etc), oferecem interfaces gráficas belíssimas e dotadas de recursos poderosos.

Ou seja, se você pretende, por exemplo, migrar do Windows para o Linux, saiba que isto é perfeitamente possível, e este artigo pode te ajudar a eliminar algumas dúvidas relacionadas. Vamos lá!

A instalação é muito complicada

Eis aqui uma afirmação muito incorreta. E pelo contrário: atualmente, é muito fácil instalar uma distribuição qualquer. E se você já instalou alguma versão do Windows alguma vez, pode-se dizer que não há aqui nenhum segredo.

Após pesquisar e encontrar a distro que melhor se adequa ao seu perfil, acesse o site oficial da mesma. Lá, você terá geralmente algumas opções de download da imagem ISO, incluindo imagens para sistemas de 64 bits.

Todo o processo é bem simples. Basta efetuar o download, gravar a imagem ISO em um pendrive através de um aplicativo para criação de unidades inicializáveis e, por fim, iniciar o computador através da tal unidade.

As distribuições modernas contam com instaladores gráficos muito intuitivos, os quais guiam o usuário durante todo o processo, ajudando até mesmo quando é necessário efetuar algum tipo de particionamento de disco.

O processo todo não leva mais do que 30, 40 minutos (dependendo do hardware, é claro). E muitas vezes você pode até mesmo testar o sistema operacional antes da instalação propriamente dita.

É preciso usar a linha de comando o tempo todo

Outra inverdade a respeito das distros Linux atuais. Entretanto, vale lembrar que os comandos no terminal garantem muito mais agilidade e poder ao usuário (e você pode até ficar de olho aqui no TecLinux, para guias relacionados).

Mas, você pode também usar Linux sem necessariamente ser obrigado a fazer tudo pela linha de comando. As interfaces gráficas, principalmente das distros com grande apelo ao desktop, possuem ótimos meios para que o usuário realize configurações e ajustes.

Linux - KDE - Aplicativo de configurações
Um prático e descomplicado aplicativo de configurações

Você pode, é claro, usar a linha de comando. Porém, você não é obrigado a decorar dezenas (ou centenas) de comandos da noite para o dia. Distros como Ubuntu e Mint, por exemplo, são muito amigáveis, de uso extremamente simples.

Simplesmente “clicar em botões”, assim como no Windows, também é possível no Linux, e para uma variedade enorme de tarefas.

O Linux não tem muitos bons programas

Outra inverdade. Na realidade, uma grande parte dos usuários que decidem testar por algum tempo ou migrar de vez para o Linux se surpreende com a grande quantidade de ótimos softwares disponíveis.

Além disso, grande parte dos programas para Linux são de uso gratuito e de código aberto. Posso dizer com total certeza que existe uma infinidade de ótimas opções, de alta qualidade, para as mais diversas necessidades.

Existem também vários sites na web que listam uma grande variedade de programas Linux como alternativa a vários outros proprietários.

Software

Uma busca no Google sempre retorna vários aplicativos úteis e, quem sabe, essenciais. Cada distro também vem geralmente acompanhada de programas bastante úteis.

Não é raro terminar de instalar o S.O. e reparar que já estão presentes na máquina aplicativos como LibreOffice, Ark (compactação de arquivos), Mozilla Thunderbird, Mozilla Firefox, etc.

Obviamente, é bem difícil criar uma lista contendo todos os softwares disponíveis para Linux, bem como é difícil dizer quais são essenciais ou não.

A verdade é que existem programas muito populares, capazes de atender qualquer demanda. Tudo, é sempre bom lembrar, disponível de forma gratuita.

Ou seja, no Linux você desfruta de muito mais liberdade quando chega a hora de escolher um bom programa.

Não há jogos bons para Linux

Em primeiro lugar, é importante dizer que a biblioteca de jogos para Linux não é tão grande quanto a do Windows. Ainda assim, entretanto, temos excelentes opções no sistema operacional do pinguim.

As lojas (de aplicativos) de distros em específico geralmente contam com categorias dedicadas a games, onde é possível encontrar jogos mais simples porém muito bons.

Além disso, é possível usar o Wine para rodar diversos jogos. Vale também a pena dizer que o Steam, provavelmente a maior plataforma de jogos para PC do mundo, conta com uma versão plenamente funcional para Linux.

E não apenas isso: no Steam também existe uma enorme variedade de jogos que também rodam no sistema operacional de código aberto.

Uma busca rápida no Steam pelo termo “Títulos SteamOS + Linux”, por exemplo (ou então por “jogos Linux”), retorna um grande número de títulos.

Muitos títulos bacanas estão disponíveis no Steam para Linux, incluindo vários gratuitos (ou, mais precisamente, free-to-play). E até mesmo jogos famosos como Counter-Strike: Global Offensive, Dota 2, Sid Meier’s Civilization VI e Dying Light, por exemplo, rodam no sistema operacional livre.

E se você, como eu, aprecia um bom simulador, vale lembrar que Euro Truck Simulator 2 também faz parte da biblioteca Linux do Steam.

Enfim, deu para perceber que o Linux também conta com ótimas opções no tocante a jogos, incluindo muitos títulos grátis.

Não existe vírus para Linux

Apesar de não serem lá muito comuns, sim, infelizmente existem vírus para Linux. O sistema operacional criado por Linus Torvalds não é totalmente imune a malware.

Vale dizer, entretanto, que devido também ao muitas vezes rígido sistema de controle de permissões e acessos do Linux, é mais difícil infectar um computador que rode o sistema.

Repare bem: no Linux, quando é preciso instalar qualquer software, devemos obrigatoriamente utilizar a senha do administrador. Já no caso do Windows, por exemplo, esta tarefa pode ser geralmente executada por qualquer pessoa, mesmo sem o conhecimento da senha do proprietário.

Cyber segurança

O Linux também possui uma estrutura de arquivos não muito propícia à propagação de pragas digitais, sendo muito raro algum vírus danificar um sistema até o ponto de inutilizá-lo totalmente.

É um fato comprovado, além disso, que o Linux não requer o uso um antivírus pesado que deixe o sistema lento, por exemplo. No entanto, o administrador pode instalar um firewall, muitas vezes, bem como realizar atualizações constantes do sistema.

Usar Linux é complicado

Esta também é uma afirmação errônea. Quer dizer, antes de tudo, é preciso que você tenha em mente que “fácil” ou “difícil” são conceitos muito relativos.

Muitas pessoas podem ter se “assustado” com o Linux em algum momento, seja devido à reduzida evolução de uma ou outra distro no passado, seja devido a algum outro problema ligado a pouco tempo (e talvez vontade de aprender algo novo) despendido no aprendizado do novo ambiente.

O fato é que atualmente é muito fácil usar uma distribuição Linux. Instalá-las, também, é extremamente simples (veja acima).

O Linux conta com uma grande variedade de distros, e algumas delas são mais adequadas ao usuário iniciante do que outras.

Apenas tenha cuidado, e faça pesquisas prévias antes de optar por alguma distribuição. Leia bastante a respeito, tire dúvidas em fóruns, etc.

É um sistema operacional ultrapassado

Pelo contrário. O Linux, apesar de livre, conta com organizações e comunidades bem grandes nele trabalhando sem cessar. O usuário nunca fica sem suporte, apesar de na grande maioria das vezes não precisar pagar por isto.

Além disso, e apesar de algumas vezes não existir uma empresa propriamente dita por trás de uma distro, isto não significa que o sistema “parou no tempo”.

Milhares de desenvolvedores no mundo todo trabalham lançando atualizações e melhorias. As novidades para o S.O. do pinguim são lançadas com uma velocidade bem grande, e os updates geralmente ocorrem em intervalos muito menores que no Windows.

O kernel, por sua vez, existe há mais de 30 anos, e é também constantemente melhorado. Com tanta gente desenvolvendo e trabalhando em torno do S.O., é também muito fácil perceber que o que temos aqui é algo muito atual.

Não há suporte técnico

Antes de mais nada, devo dizer que sim, há suporte técnico. E você pode obter acesso a este suporte de diversas formas.

Existem distros comerciais, é claro. Porém, em grande parte do tempo o que temos são comunidades de desenvolvedores e usuários atuando em conjunto.

Comunidade

Assim, geralmente não há uma empresa por trás de tudo, e exceto no caso de empresas de TI que de repente ofereçam algum tipo de plano de suporte técnico (uma vez que o sistema operacional é livre e de código aberto), o próprio usuário deve “correr atrás” de respostas.

Isto não é algo negativo, entretanto. Pelo contrário: assim você é capaz de obter um maior nível de aprendizado. Além disso, há um número enorme de informações à disposição na internet, além de fóruns e sites relacionados onde é possível obter ajuda de qualidade gratuitamente.

Linux só serve para servidores

Outro mito muito complicado, e que não poderia estar mais longe da verdade. Engana-se bastante quem pensa assim.

Existem, obviamente, distros voltadas a este “nicho”. Distros nas quais muitas vezes o usuário faz tudo através da linha de comando, como por exemplo no caso de servidores web.

Porém, existem distribuições bastante focadas em desktops, e a própria existência de interfaces gráficas como KDE, GNOME, Xfce, Cinnamon e Mate é uma prova disso.

Atualmente, você pode perfeitamente instalar Linux no notebook de alguém com pouca experiência em computadores, por exemplo. Um usuário doméstico pode tranquilamente utilizá-lo “apenas” para navegar na internet, acessar redes sociais e trabalhar com seus documentos e planilhas.

Com o grande número de hardware compatível com o S.O., além disso, fica muito difícil dizer que ele não é também algo voltado a computadores pessoais.

Pessoas e organizações diferentes o utilizam para propósitos diferentes, e fica a critério do usuário adequá-lo às suas necessidades.

Conclusão

Como podemos perceber, o Linux pode representar uma escolha inteligente e extremamente econômica em diversas situações.

Com o grande número de distribuições existentes, além disso, é bem difícil encontrarmos uma situação onde o sistema operacional do pinguim não possa ser utilizado.

Distros bastante focadas no desktop, além disso, o tornam mais do que apropriado ao uso doméstico. E o grande número de “sabores” e ambientes gráficos existentes faz com que a plataforma seja extremamente democrática.

Assim, chegamos ao final de mais um artigo. Gostou? Não deixe de compartilhar com seus amigos!

Compartilhe este conteúdo:

<a href="https://teclinux.com/author/marcos-zy/" target="_self">Marcos A.T. Silva</a>

Marcos A.T. Silva

Apaixonado por tecnologia desde tenra idade, trabalha com TI há mais de 20 anos. Tem no rock and roll (em suas mais variadas vertentes) uma válvula de escape, e adora escrever guias e tutoriais, além de ser um grande entusiasta do Linux e do software livre.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pin It on Pinterest

Share This

Compartilhe

Compartilhe este post com seus amigos!