Primeiramente, devo dizer que gosto muito de testar novos aplicativos. E quando se trata de apps de produtividade, meu prazer é ainda maior. E o Obsidian chegou em ótima hora!
Se você, como eu, tem um dia a dia atribulado, e muitas vezes nota que não dá conta do enorme volume de dados aos quais somos expostos com grande frequência, penso que ferramentas de produtividade são sempre muito bem vindas. Mais ainda quando elas se propõem a criar um “segundo cérebro”.
Antes de mais nada, vale lembrar que existem vários apps de produtividade no mercado. Programas para todos os gostos e plataformas.
Outras ferramentas de produtividade
Atualmente, podemos citar alguns outros apps muito interessantes e úteis, todos tidos como “apps para notas” e/ou “ferramentas de produtividade”:
- Notion;
- Evernote;
- OneNote;
- Apple Notes;
- Google Keep;
Se destacando, porém, muito mais que todos os acima, temos o Obsidian, app de produtividade e notas disponível para download gratuito que roda localmente e usa utiliza textos em formato Markdown.
O que é Markdown?
Desde já é importante que você saiba o que é Markdown. Trata-se, acima de tudo, de uma forma muito simples de marcação de textos.
Criado em 2004, por John Gruber e Aaron Swartz, o Markdown é principalmente um sistema de marcação aberto que usa sobretudo alterações nos textos para a produção de um conteúdo estruturado (com negrito, itálico, subtítulos, etc).
Nesse sentido, vale dizer que para trabalhar com Markdown você não precisa usar menus, teclas de atalho, nem nada do tipo. Usamos, ao contrário, apenas os símbolos do teclado.
Trata-se de um sistema capaz de adicionar elementos de formatação a meros arquivos de texto. Assim, por exemplo, nós apenas “sinalizamos” os elementos que devem ser alterados. Um título, uma lista, um anexo, uma imagem, um link, e assim por diante.
Assim, para definir um texto em itálico, usa-se um conjunto com dois asteriscos, um no início e outro no final. Por exemplo: *texto*. Já para um texto em negrito, usamos dois asteriscos (**texto**).
Links, por sua vez, são definidos através do uso de colchetes. Mais precisamente através dos seguintes caracteres: [](). Por exemplo:
[10 comandos do Linux úteis e não muito conhecidos](https://teclinux.com/10-comandos-do-linux-uteis-e-nao-muito-conhecidos/)
O “código” acima irá gerar um link com o texto âncora “10 comandos do Linux úteis e não muito conhecidos”, o qual levará a este endereço.
O Markdown é dinâmico, fácil de ser aprendido, e produz resultados de forma rápida. Além disso, documentos de texto empregando a “linguagem” podem ser abertos através de um simples editor de textos (sem falar, é claro, em softwares como o OpenOffice, por exemplo).
E no Obsidian, ferramenta objeto deste artigo, trabalhamos única e exclusivamente com Markdown.
O que é Obsidian, e o conceito de “segundo cérebro”
Em primeiro lugar, vale dizer que o app funciona totalmente de forma local. Ou seja, ao contrário de outras ferramentas de produtividade (e de notas), aqui o próprio usuário é responsável por cuidar do seu “banco de dados”.
O usuário, criando sua “base de conhecimento” pouco a pouco, é o único responsável pela integridade de todos os dados (na verdade, um conjunto de pastas e arquivos de texto com extensão .md).
O usuário, além disso, é o único responsável pelas tarefas de sincronização, caso deseje usar a ferramenta também em um dispositivo móvel (existem apps para Android e iOS).
Falando agora do tal “segundo cérebro”, uma das grandes vantagens do Obsidian, vale dizer que através deste recurso nós podemos realizar ligações entre uma ou mais notas. Através do uso de chaves, é possível criar “links” entre notas.
É possível também conectar uma nota existente com novas anotações (o app é capaz inclusive de destacar menções que ainda não foram devidamente vinculadas).
Por exemplo, uma palavra ou uma frase escrita entre dois pares de chaves ([[exemplo]]) criará automaticamente uma ligação, um link.
Temos então aqui um link que pode ser “seguido” (é clicável), o qual liga os termos destacados com outra nota ou até mesmo com alguma ideia ou conceito que você deseja desenvolver depois, em outra nota.
Assim, a ferramenta funciona de forma parecida com o nosso cérebro. Ela não apenas guarda informações para o usuário, mas é capaz também de alertá-lo com frequência sobre as mesmas.
O método Zettelkasten
Este conceito de notas interligadas vem de uma ideia introduzida pelo sociólogo alemão Niklas Luhmann através de seu método Zettelkasten (algo como “caixa de anotação”, em alemão).
Tal sistema permite que notas sejam feitas e armazenadas de forma sistemática, sendo que cada uma deve conter uma ligação direta para outras do mesmo tema.
O método Zettelkasten dá ao usuário mais chances de reter conteúdo, ao mesmo tempo em que melhora sua organização e memória.
Tudo isto, sob o mesmo ponto de vista, faz parte do Obsidian e aumenta ainda mais a nossa produtividade.
Como usar o Obsidian
Antes de mais nada, baixe o software através do site oficial (link acima). Existem versões para Windows, macOS, Linux e celulares (Android e iOS).
Após a instalação, você deve criar um “cofre” (vault). O aplicativo funciona, vale lembrar mais uma vez, de maneira local (na pasta que você definir).
A princípio, a ferramenta funciona como qualquer editor de Markdown, e é possível também através dela criar pastas, subpastas e notas. Também é possível trabalhar com mais de um “cofre”, vale lembrar.
Através da ferramenta, podemos abrir mais de um arquivo ao mesmo tempo. Além disso, através do modo live preview, o usuário é capaz de visualizar o resultado das marcações Markdown quase em tempo real.
O atalho CTRL + P ativa a paleta de comandos: através dela, é possível acessar uma grande variedade de comandos e recursos do aplicativo.
A ferramenta também possui um atalho para a geração de práticos arquivos PDF à partir das notas. Aqui, além disso, vale dizer que ele “esconde” todo o Markdown. Ou seja, temos então belos e práticos PDFs, contendo apenas aquilo que realmente interessa.
Tags, além disso, podem ser usadas à vontade, e isto facilita bastante a produtividade e a organização. A interface do software, além disso, está perfeitamente localizada em português do Brasil.
O usuário pode criar quantos vaults quiser (apenas evite criar vaults dentro de vaults), e não há nenhum tipo de limite quanto ao tamanho dos mesmos (apenas fique de olho no quesito “sincronização – mais detalhes abaixo).
Notas podem conter vários tipos de conteúdo. Texto, imagem, áudio, vídeo: tudo isto pode ser diretamente anexado a uma nota, ou então “embutido” (embed). Até mesmo arquivos PDF, por exemplo, podem ser anexados a uma nota.
Visualização gráfica (graph view)
Eis aqui outro grande recurso do aplicativo. Através da visualização gráfica, temos uma ideia bem clara e informativa de nossa base de conhecimento.
Conforme vamos criando notas com conexões entre si (via dois pares de chaves), o software vai gerando e atualizando constantemente um gráfico muito interessante. Tal gráfico exibe termos interconectados, em uma espécie de “rede neural” muito didática.
Através deste recurso, o usuário pode obter um panorama claro e interativo de seus dados, sendo inclusive possível perceber quais notas (ou grupo de notas) possui mais conexões.
É perfeitamente possível, além disso, navegar através das anotações com a graph view, e tudo isto, aliado a um sistema de busca muito poderoso, torna o Obsidian ainda mais didático.
Sincronização e uso em vários dispositivos
O Obsidian funciona de maneira local. Ponto. Com isto em mente, vale dizer que a guarda dos dados é de responsabilidade apenas do usuário.
Isto não quer dizer, entretanto, que não é possível sincronizar informações com outros computadores e/ou dispositivos. Neste caso, pode-se usar uma certa variedade de serviços, aplicativos e tecnologias.
No meu caso, por exemplo, faço tudo isto combinando um serviço de armazenamento em nuvem (iDrive) e uma ferramenta de sincronização opensource chamada Syncthing (P2P).
No entanto, devo também dizer que é possível utilizar outras nuvens e ferramentas. Por exemplo: iCloud, OneDrive, Dropbox, Google Drive, etc.
Continuidade dos dados
Ao contrário do que acontece com outros softwares do mercado, podemos dizer que a ferramenta propicia muita segurança no quesito “continuidade dos dados”. Seus dados são seus, para sempre.
No Obsidian, os usuários têm 100% de controle sobre suas informações. Além disso, devido ao formato Markdown, principalmente, ninguém fica “refém” da ferramenta.
Ou seja, caso o usuário decida, no futuro, migrar para outra solução, basta exportar todas as informações e seguir a vida.
Afinal de contas, temos em mãos, basicamente, arquivos em “texto puro” (tais arquivos podem ser abertos inclusive com o bloco de notas do Windows – qualquer editor de texto também pode abri-los. Inclusive o PSPad, por exemplo).
Do mesmo modo, vale dizer que é possível alternar entre vários meios de sincronização e/ou armazenamento, à qualquer momento.
É fácil perceber, portanto, que o Obsidian pode acabar com aquele medo que muitos de nós temos: o de que determinado serviço ou plataforma “feche as portas” e nossas preciosas informações fiquem em risco.
Além disso, devido também ao Markdown, podemos dizer que nossos dados serão perfeitamente acessíveis no futuro. Você pode inclusive armazenar suas notas empregando algum meio de criptografia, além de fazer backups de segurança da forma que desejar.
Tendo em mãos arquivos de texto, por outro lado, é importante dizer que nosso “banco de dados” pode ocupar muito menos espaço em disco, ao contrário do que acontece com outros apps de notas. No meu caso, por exemplo, tenho mais de 300 notas, e minha “base” possui meros 1,60 MB.
Valores, “edições” e serviços extras do Obsidian
O Obsidian é totalmente gratuito para uso pessoal. Além disso, é preciso adquirir uma licença comercial apenas no caso de “empresas que possuem duas ou mais pessoas” (custa US$50,00 por ano).
Há também um plano opcional chamado Catalyst, o qual custa US$25,00 (pagos uma única vez). Neste caso, o usuário ganha acesso a alguns “mimos”, como por exemplo early builds e um canal com os desenvolvedores.
Já o serviço Obsidian Sync (US$8,00 mensais) garante acesso ao serviço de sincronização da própria ferramenta.
Aqui, está também inclusa criptografia e histórico de versões (até 1 ano). Claro: é possível também trabalhar com sincronização de forma gratuita e de outras maneiras, conforme explicado acima.
Finalizando, temos um extra chamado Publish (US$16,00 mensais), que permite a publicação de notas na web.
Conclusão
Definitivamente, o Obsidian é uma das melhores opções atuais para anotações e produtividade. Poderoso e flexível, o aplicativo está disponível para as principais plataformas.
Devido também ao uso de Markdown, além disso, o app garante a continuidade de todas as nossas preciosas anotações.
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