O que é AppImage no Linux? Aprenda a usar o formato em várias distribuições

por | 28/06/2022 | Configuração

Com este guia sobre o formato AppImage, finalizo a série de artigos sobre os modos “alternativos e fáceis” de instalação de softwares no Linux.

Você pode ler os dois outros guias através dos links abaixo:

Antes de mais nada, porém, você deve ter em mente que o AppImage é mais um formato de empacotamento e distribuição de software. Um formato, além disso, que se destaca em um quesito muito especial: através do AppImage, basicamente temos no Linux apps portáteis.

O que é AppImage?

Em primeiro lugar, vale lembrar que esta tecnologia foi lançada com o nome de “Klik”, em 2004. Pouco tempo depois, porém, seu nome foi alterado para “PortableLinuxApps”.

Mas desde o início tudo isto teve um ponto em comum: permitir que apps fossem executados em sistemas Linux independentemente da distro e sem exigir nenhum tipo de instalação.

Além disso, vale a pena também dizer que, assim como o flatpak, o AppImage é um formato universal. Ou seja, apps em AppImage rodam na grande maioria das distros Linux.

Tecnologia

De fato, através deste formato temos algo bem parecido com os apps “portáteis” (portable) do Windows. Um AppImage é um único arquivo comprimido. Uma espécie de arquivo .zip (ou uma imagem ISO).

Ou seja, você não precisa instalar nada, muito menos lidar com compilações e descompactação de arquivos. Você apenas baixa um arquivo com extensão .AppImage e o executa.

Cada app distribuído desta forma, além disso, inclui todas as bibliotecas e demais dependências necessárias para o seu funcionamento.

Permissões de superusuário, além disso, não são necessárias para o uso de AppImage, e nesse sentido, é fácil perceber que um AppImage também não cria pastas e arquivos no sistema.

Em suma, este é um formato criado com a intenção de permitir que uma grande gama de sistemas possam usar um mesmo app sem complicações.

E, analogamente, você deve também saber que para “desinstalar” um app distribuído através deste método de empacotamento, basta apagar seu respectivo arquivo .AppImage. Ou seja, o próprio app.

Na verdade, você deve até mesmo usar o termo “desinstalar” com cuidado, neste caso, uma vez que o uso da tecnologia não requer a instalação de nada.

Da mesma forma, você pode salvar os programas em AppImage em qualquer diretório do seu computador, e executá-los à partir daí.

Sandbox em AppImage?

Há um ponto importante que deve ser observado, porém. O AppImage não oferece um ambiente de sandbox nativo, como acontece com o Snap e o flatpak.

Mas caso este detalhe seja uma fonte de preocupações para você, saiba também que é possível usar um programa como o Firejail (open source), por exemplo, a fim de rodar cada AppImage dentro de um ambiente isolado e seguro.

Onde encontrar programas em AppImage

Você pode executar um software distribuído desta forma até à partir de um pen drive. Ou seja, como você pode ver, é bem grande a versatilidade proporcionada pelo formato.

AppImage

Assim, é também muito importante saber onde encontrar programas em AppImage. Nesse sentido, você pode dar uma olhada neste site, que lista vários apps de diversas categorias.

No site acima, você pode facilmente encontrar e baixar apps como GIMP, Firefox, Inkscape, VLC e Zoom, por exemplo. Além disso, observe que a lista de softwares é bem extensa, e pode ser complementada com os sites oficiais de vários apps.

Ou seja, existem muitos softwares disponíveis desta forma, e como exemplo, podemos até mesmo citar o Krita: o próprio site oficial do app gráfico oferece uma versão em AppImage.

Como usar AppImage no Linux

Como estamos aqui falando a respeito de aplicativos “portáteis”, uma vez que você baixou um arquivo com extensão .AppImage, poucos passos são necessários para rodar o software.

Basicamente, são 2 procedimentos bem simples após o download:

  • Tornar o arquivo executável;
  • Executá-lo.

Sim, é tudo muito simples. Portanto, basta seguir os procedimentos abaixo após o download do AppImage.

Obs: para efeito de testes, vamos utilizar o AppImage do software Krita.

Navegando até o diretório de download

Em primeiro lugar, você deve abrir seu terminal e acessar a pasta onde o arquivo foi baixado. Por exemplo, digamos que você o baixou na pasta “Downloads”.

Execute o comando abaixo para navegar rapidamente até o diretório:

cd ~/Downloads

Definindo permissão de execução através do terminal

A seguir, você deve dar permissão de execução ao AppImage, através de um comando com a sintaxe abaixo:

chmod u+x nomeDoPacote.AppImage

Por exemplo, para alterar a permissão do nosso app Krita, use o comando abaixo:

chmod u+x krita-5.0.6-x86_64.appimage

E assim por diante!

Executando o aplicativo através do terminal

Finalmente, para executar o software, simplesmente use um comando com a sintaxe abaixo:

./nomeDoPacote.appimage

Assim, para executar o Krita, de acordo com o nosso teste, basta usar o comando abaixo (e de acordo com o pacote baixado):

./krita-5.0.6-x86_64.appimage

Pronto!

Executando um AppImage através da interface gráfica

Alternativamente, e de modo mais fácil ainda, você também pode executar um AppImage através da interface gráfica da sua distro Linux.

Isto deve ser feito através do seu gerenciador de arquivos preferido. Por exemplo: Nautilus, Dolphin, etc.

Assim, em primeiro lugar você deve acessar a pasta onde o AppImage foi baixado, usando um gerenciador de arquivos.

A seguir, clique no mesmo com o botão direito do mouse, e use então a opção “Propriedades”. Na próxima janela, acesse a aba “Permissões”:

AppImage - Permissões

Na aba “Permissões”, marque a opção que permite a execução do arquivo como um programa. No meu caso, por exemplo, trata-se da opção “É executável”. Apenas marque a opção e clique em “OK”, para salvar. Veja:

AppImage - Permissões

Finalmente, para rodar o programa, basta clicar duas vezes sobre o .AppImage. Ou seja, aja como se você estivesse acessando um ícone qualquer em seu destkop. É muito simples, não?

Algumas considerações sobre AppImage

Talvez seja interessante também lembrar que alguns pacotes, quando executados pela primeira vez, podem criar uma espécie de integração com o sistema.

Assim, caso apareça uma pergunta a respeito em sua tela, fica a seu critério optar ou não pela integração, valendo lembrar que desta forma o app poderá inclusive ser listado no menu de aplicativos.

Além disso, é importante frisar que caso você opte por esta integração, mesmo após deletar o aplicativo (ou seja, o arquivo .AppImage) alguns “restos” permanecerão no seu sistema.

Há também um pequeno “problema” aqui: um AppImage nem sempre é atualizado automaticamente. Isto depende do desenvolvedor ter incluído no app algum recurso para updates automáticos.

Caso contrário, descobrir se há uma nova versão de um app, bem como atualizá-lo, fica por sua conta e risco.

Usando o AppImageLauncher

Como você pôde perceber, usar AppImage é algo muito simples. Porém, há um software grátis que permite que você gerencie de forma fácil todos os seus apps “portáteis” no Linux.

Trata-se do AppImageLauncher, o qual permite fácil integração de todos os AppImage com o sistema, além de fornecer um meio para sua execução sem que seja sequer necessário definir qualquer tipo de permissão.

Nesse sentido, o AppImageLauncher também conta com uma interface gráfica através da qual você pode remover rapidamente qualquer app.

Trata-se, em suma, de um launcher específico para AppImage, que também conta com recursos para atualizações dos mesmos.

Infelizmente, o AppImageLauncher não está disponível para todas as distros. Você pode instalá-lo, portanto, através dos comandos abaixo:

Instalar o AppImageLauncher em sistemas Debian/Ubuntu

Existem 2 modos de instalação do AppImageLauncher no Debian, no Ubuntu e em sistemas derivados. Através de um repositório PPA ou então através de um pacote .DEB.

Em relação ao Ubuntu, além disso, vale ressaltar que a instalação através de PPA pode ser feita apenas a partir da versão 19.04. Se este for o seu caso, execute os comandos abaixo no terminal.

Antes de mais nada, adicione o repositório PPA:

sudo add-apt-repository ppa:appimagelauncher-team/stable

A seguir, atualize o sistema:

sudo apt update

Finalmente, execute a instalação do AppImageLauncher através do seguinte comando:

sudo apt install appimagelauncher

Agora, se você prefere instalar o software no Ubuntu e derivados através do pacote DEB, acesse este link e baixe o pacote correspondente ao seu sistema.

Por exemplo, para fins de teste, vamos baixar o pacote “appimagelauncher_2.2.0-travis995.0f91801.bionic_amd64.deb”. Agora, acesse a pasta onde o arquivo foi baixado, através do terminal, e execute um comando com a seguinte sintaxe:

sudo dpkg -i nomeDoPacote.deb

Ou seja, para instalar o pacote que acabamos de baixar, basta executar o seguinte comando:

sudo dpkg -i appimagelauncher_2.2.0-travis995.0f91801.bionic_amd64.deb

Instalar o AppImageLauncher no Fedora e derivados

Baixe o pacote .RPM através do link acima. A seguir, acesse o diretório através do terminal e execute um comando com a sintaxe abaixo, substituindo “nomeDoPacote” pelo nome do arquivo que você baixou:

rpm -i nomeDoPacote.rpm

Instalar o AppImageLauncher no ArchLinux e derivados

Use o comando abaixo:

sudo pacman -S appimagelauncher

Manjaro

Segundo o desenvolvedor, o AppImageLauncher vem pré-instalado no Manjaro.

Algumas considerações sobre o AppImageLauncher

Vale lembrar que o AppImageLauncher intercepta as tentativas de execução de um AppImage. Assim, você verá a seguinte janela quando o executar pela primeira vez:

AppImageLauncher

Repare que o software tentará centralizar todos os AppImages em um único diretório, para melhor organização. Basta clicar em “OK”, para que ele então crie/copie seus apps para o diretório “Applications”.

Conclusão

E assim chegamos ao fim de mais um guia no TecLinux. Você agora já sabe o que é um AppImage, além de saber como usar este formato de empacotamento na sua distribuição.

Com este artigo, acabo de finalizar uma série de guias que englobam formatos de empacotamento, digamos, “universais” (além do AppImage, temos o flatpak e o Snap – links no primeiro parágrafo).

Como você pôde perceber, o AppImage é um formato muito prático, que permite que apps rodem no Linux sem nenhum tipo de instalação. Algo bem similar aos apps “portáteis” do Windows.

Além disso, o simples fato de não ser necessário nenhum tipo de instalação extra e/ou suporte à tecnologia (como no caso do Snap e do flatpak) torna o AppImage algo muito apropriado para usários iniciantes.

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<a href="https://teclinux.com/author/marcos-zy/" target="_self">Marcos A.T. Silva</a>

Marcos A.T. Silva

Apaixonado por tecnologia desde tenra idade, trabalha com TI há mais de 20 anos. Tem no rock and roll (em suas mais variadas vertentes) uma válvula de escape, e adora escrever guias e tutoriais, além de ser um grande entusiasta do Linux e do software livre.

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