Comando apt: como instalar, atualizar e remover software no Linux (guia completo)

por | 27/07/2022 | Linha de comando

Se você usa alguma distro Linux baseada no Debian, muito provavelmente já se deparou (e até usou) com o comando apt.

Aliás, se você acompanha meus artigos aqui no TecLinux, por exemplo, já deve ter visto menções a este comando várias vezes.

Atualmente, várias distros usam o apt (ou o apt-get – detalhes abaixo), e através deste guia você entenderá o que é e como usar o comando.

Exemplos de distros que usam o comando apt

Assim, seguem abaixo algumas distros onde é possível usar o comando apt:

  • Debian;
  • Ubuntu;
  • elementary OS;
  • Linux Mint;
  • Deepin;
  • Etc.

Vale lembrar também que as distribuições acima são baseadas ou no Debian ou no próprio Ubuntu.

APT, comando apt, dpkg: o que é tudo isso?

Em primeiro lugar, é bom esclarecer que o Debian (distro “mãe” do Ubuntu) conta com um sistema de empacotamento de software chamado dpkg (Debian Package Manager).

Você muito provavelmente já instalou algum app no Linux digitando o seguinte, no terminal (a partir de um pacote .deb baixado da internet):

dpkg -i nomeDoPacote.deb

Nesse sentido, vale a pena também dizer que um sistema de empacotamento é uma forma de evitar que você precise compilar um programa a partir do código fonte (um procedimento nada amigável).

Através do comando dpkg, tudo fica mais fácil. Em contrapartida, há um modo ainda mais fácil de lidar com pacotes no Linux. E aqui entra em cena o comando apt.

Antes, porém, é bom que você conheça o APT (Advanced Package Tool): trata-se de um conjunto de ferramentas que interagem com o sistema de gerenciamento de pacotes, permitindo a instalação e o gerenciamento de pacotes em sistemas derivados do Debian.

Comando apt

Voltando ao comando apt, vale dizer que ele é uma ferramenta de linha de comando do APT. Trata-se de uma forma bem mais amigável de gerenciar pacotes no Linux. Ele pode também ser considerado como um front-end do dpkg.

Além disso, vale lembrar que também existe o apt-get, por exemplo, sendo que o apt pode inclusive funcionar como uma substituição a este último, principalmente no quesito simplicidade.

De fato, o apt conta com vários recursos do “antigo” apt-get (e até mesmo do apt-cache). O comando/ferramenta, além disso, é bem melhor estruturado que o apt-get.

Um software pode ser perfeitamente instalado no Linux através do comando dpkg, desde que você obtenha o pacote .deb. Entretanto, o apt-get e o apt facilitam muito mais as coisas (o apt muito mais).

Qual usar? apt ou apt-get?

Através do comando apt, é muito fácil gerenciar pacotes no Linux, e através deste guia você aprenderá vários comandos e opções.

Vale também lembrar que, para operações de baixo nível ou uso com scripts, o apt-get ainda é a melhor opção. Se este não for o seu caso, use o apt, sempre.

Gerenciando pacotes no Linux com o comando apt

Por que instalar um software através de um pacote .deb (usando o comando dpkg a seguir) se, através do apt tudo pode ser feito de forma mais rápida, no terminal?

Vale lembrar que o comando faz todo o processo. Ele baixa, instala e inclusive lista e obtém todas as dependências necessárias para que um app funcione.

Antes de prosseguir, porém, é bom que você saiba que existem outros modos de instalar programas no Linux, incluindo sistemas universais, que independem da distro. Conheça-os através dos links abaixo:

Repositórios: o que são e como gerenciar

Antes de mais nada, antes mesmo de entrarmos em detalhes sobre o uso do comando apt, é preciso que você saiba o que são repositórios e como gerenciá-los de forma adequada.

Repositórios são locais de armazenamento de pacotes de software. Eles armazenam todos os programas que podem ser instalados em uma distro.

Cada distro geralmente possui seus próprios repositórios, e isto facilita bastante a vida do usuário, que não precisa mais “varrer” a internet em busca de um grande número de aplicativos.

Servidores

Ou seja, é bem fácil perceber que geralmente, no Linux, há uma centralização que facilita a nossa vida. Ao contrário do que ocorre no Windows, por exemplo, onde há uma miríade de “fontes” para download de software.

Agora, no caso do Ubuntu, por exemplo, quando você usa o comando apt para instalar um aplicativo qualquer, está na verdade fazendo uso de um repositório (isto vale tanto para o terminal quanto para a loja de apps).

Quando a Canonical, por exemplo, lança alguma atualização para o Ubuntu, ela o faz através de um upload dos arquivos necessários para os repositórios. Assim, você recebe no seu PC uma notificação a respeito de um novo update disponível.

Existem também os repositórios PPA (Personal Package Archives, ou Arquivos de Pacotes Pessoais), os quais disponibilizam programas que não constam nos repositórios oficiais.

De onde são obtidas as informações de repositórios?

O APT obtém dados de repositórios a partir do arquivo /etc/apt/sources.list, bem como de arquivos presentes no diretório /etc/apt/sources.list.d/.

Em relação à pasta /etc/apt/sources.list.d/, vale lembrar que ela aceita arquivos com o mesmo formato daqueles existentes em /etc/apt/sources.list, e é também uma maneira de evitar a edição direta do sources.list.

Ou seja, ao adicionar tais arquivos em /etc/apt/sources.list.d/ você está também adicionando repositórios no seu Linux. Da mesma forma, ao remover um arquivo desta pasta você está removendo um repositório.

Sintaxe do arquivo /etc/apt/sources.list

Neste guia iremos trabalhar apenas com o arquivo sources.list, para facilitar as coisas. De modo geral, o Ubuntu diferencia software em seus repositórios através de algumas categorias.

Comando apt - Arquivo sources.list

Cada uma destas categorias contém um tipo de software em específico. Antes, porém, vamos dar uma olhada na sintaxe das entradas no arquivo /etc/apt/sources.list:

deb http://url-do-repositorio/ubuntu codinomeDaDistro categoria

Ou seja, de acordo com a linha acima, nós tempos:

  • Primeira entrada (deb): tipo do pacote;
  • Segunda entrada: (http://url-do-repositorio/ubuntu): a URL do repositório;
  • Terceira entrada: (codinomeDaDistro): aqui temos o codinome da distro;
  • Quarta entrada: (categoria): finalmente, temos a categoria do repositório;

Assim, temos entradas como a abaixo, por exemplo:

deb http://br.archive.ubuntu.com/ubuntu/ jammy multiverse

Simples, não?

Categorias de software nos repositórios do Ubuntu

Todo software presente nos repositórios do Ubuntu é dividido em algumas categorias. Conheça-as a seguir:

  • Main: este é o repositório principal. Ele possui apenas software livre e de código aberto, que pode ser usado e distribuído sem o pagamento de qualquer taxa;
  • Restricted: aqui temos software que também pode ser usado de forma grátis, porém não pode ser redistribuído. Neste categoria nós encontramos drivers, por exemplo;
  • Universe: categoria que também conta com programas livres e de código aberto. Ao contrário da categoria Main, entretanto, a Universe é mantida pela comunidade, que acaba sendo a responsável pelo lançamento de atualizações e correções de bugs;
  • Multiverse: categoria que conta com programas que não são livres e/ou de código aberto (software proprietário, por exemplo);
  • Partner: aqui encontramos software proprietário de parceiros, empacotado pela equipe do Ubuntu;

Lidando com o arquivo /etc/apt/sources.list

É bem fácil editar o arquivo /etc/apt/sources.list e, assim, adicionar ou remover repositórios do sistema.

Antes de mais nada, para sua segurança, faça um backup do arquivo, através do comando abaixo:

sudo cp /etc/apt/sources.list /etc/apt/sources.list.bak

Apesar disso, você deve ter ciência de que a adição ou remoção de repositórios pode ser feita, para mais facilidade, através de um comando específico (veja mais detalhes abaixo).

Porém, vale lembrar que é possível abrir o arquivo sources.list através de um editor qualquer (nano, Vim, Gedit, Kate, etc).

Como adicionar e remover repositórios

Você pode adicionar um repositório ao Ubuntu, por exemplo, apenas editando o arquivo /etc/apt/sources.list e adicionando a ele a linha necessária (seguindo a necessária padronização, é claro).

Também existem formas de realizar este procedimento através de uma interface gráfica. Porém, como neste guia foquei no terminal, vamos também aprender a adicionar repositórios através da linha de comando.

A sintaxe básica do comando necessário para a adição de repositórios segue abaixo:

sudo add-apt-repository opções endereçoDoRepositório

Obs: no endereço do repositório, deve ser seguido o padrão do arquivo sources.list. Ou seja, é preciso garantir que o formato abaixo está sendo seguido:

deb http://url-do-repositorio/ubuntu codinomeDaDistro categoria

Vale lembrar que repositórios PPA podem ser também adicionados através do comando add-apt-repository. Neste caso, você pode usar o comando apt policy antes de tudo, pois ele lista os PPA em primeiro lugar.

Assim, para adicionar um PPA, a sintaxe é a abaixo:

sudo add-apt-repository ppa:proprietárioPPA/nomeDoPPA

Agora, vamos incluir um repositório. Por exemplo, para adicionar o repositório PPA xtradeb, basta usar o comando abaixo:

sudo add-apt-repository ppa:xtradeb/apps

Finalmente, é imprescindível que você atualize o banco de dados de pacotes (veja abaixo), com o comando abaixo:

sudo apt update

Por outro lado, para remover um repositório, basta usar um comando com a seguinte sintaxe:

sudo apt-add-repository --remove endereçoDoRepositório

Analogamente, para remover um repositório PPA, a sintaxe é a abaixo:

sudo add-apt-repository --remove ppa:proprietárioPPA/nomeDoPPA

Dessa forma, para remover o repositório recém adicionado xtradeb (veja acima), basta usar o comando abaixo:

sudo add-apt-repository --remove ppa:xtradeb/apps

E para finalizar, você deve atualizar o banco de dados, através do comando abaixo:

sudo apt update

Como atualizar o banco de dados de pacotes com o comando apt

Em primeiro lugar, antes sequer de continuar com a instalação de pacotes no Linux, é importante executar o comando abaixo.

Ele atualiza o banco de dados de pacotes no seu sistema, de acordo com os repositórios indicados no arquivo /etc/apt/sources.list.

Ou seja, o comando faz uma verificação no sources.list e a seguir indica quais pacotes instalados no computador contam com atualizações disponíveis nos repositórios.

O comando também atualiza a lista de pacotes que podem ser instalados no computador. Segue o comando:

sudo apt update

E, assim, você verá uma saída semelhante à abaixo:

Comando apt - apt update

Vale lembrar que linhas iniciadas por “Atingido” significam que nenhuma mudança ocorreu, ou seja, não existem novas versões de pacotes.

Já linhas iniciadas por “Obter” mostram, além do tamanho em kb, a existência de novas versões de pacotes.

Finalmente, as linhas iniciadas por “Ign” (Ignorar) indicam os pacotes que serão ignorados. Obs: isto quase nunca representa um erro.

Como de fato atualizar software com o comando apt

Algumas pessoas confundem o apt update com o apt upgrade. Mas há uma diferença bem grande entre eles.

Enquanto o primeiro apenas atualiza a lista de pacotes disponíveis, o segundo de fato atualiza as aplicações.

Por exemplo: digamos que você tem a versão 2.2 do software X instalada. Através do comando apt update, seu sistema ficará “sabendo” que há uma versão mais recente (a 2.3, por exemplo). Dessa forma, o apt upgrade é que atualiza, de fato, os aplicativos instalados.

Sendo assim, basta usar o comando conforme abaixo:

sudo apt upgrade

A seguir, você será informado sobre os pacotes que devem ser atualizados, instalados e removidos, bem como o tamanho total do download:

Perceba que agora, conforme a imagem acima, basta teclar “S” (seguido de um ENTER) para atualizar o sistema.

Finalmente, para atualizar o banco de dados e na sequência também realizar um upgrade nos pacotes (veja acima), basta usar o seguinte comando (isto é opcional):

sudo apt update && sudo apt upgrade

Como pesquisar e obter detalhes de pacotes com o comando apt

Se você precisar, por exemplo, fazer uma pesquisa em busca de determinado aplicativo, basta usar um comando com a sintaxe abaixo:

apt search nomeDoPacote

O comando apt search procura por pacotes cujos nomes ou descrições correspondam à string que você inseriu. Assim, veja o exemplo abaixo:

apt search thunar

Ou seja, através do comando acima estamos em busca do Thunar, gerenciador de arquivos que faz parte do ambiente de desktop Xfce.

Além disso, repare que o resultado da pesquisa conta com várias entradas. Isto porque existem vários pacotes que contêm a palavra “thunar” em seus nomes:

O apt search é muito útil, principalmente porque muitas vezes o nome exato de um pacote difere bastante do nome do software. E, sem o nome exato do pacote não é possível instalá-lo através do comando apt.

Agora, o comando abaixo exibe informações detalhada sobre um pacote:

apt show nomeDoPacote

Então, para obter detalhes do pacote Thunar, basta usar o seguinte comando:

apt show thunar

Observe que o resultado da pesquisa conta com vários detalhes, incluindo todas as dependências necessárias, categoria de repositório na qual o software se encontra (veja detalhes acima), tamanho total do download, desenvolvedor, site, etc:

Comando apt - apt show

Esta não é, obviamente, a melhor forma de buscar um pacote. As lojas de aplicativos das distribuições podem servir melhor, neste caso.

Além disso, vale também lembrar que existe o site Ubuntu Packages, onde você pode fazer buscas de forma muito mais amigável.

Como pesquisar pacotes no site Ubuntu Packages

Através do site Ubuntu Packages (também mantido pela Canonical), você pode buscar com muito mais opções e detalhes.

Em tal site constam todos os pacotes disponíveis para o Ubuntu, e você pode refinar sua busca, incluindo palavras-chave, versão da distro, categoria, conteúdo do pacote, etc.

E os resultados são muito completos, incluindo a informação a respeito de qual repositório contém o software em questão:

Site Ubuntu Packages

Como listar pacotes instalados e atualizáveis com o comando apt

De forma fácil e rápida, você pode visualizar, no terminal, uma lista com todos os pacotes instalados no sistema:

apt list --installed

O comando acima, dependendo da situação, irá gerar uma lista bem longa. Caso você tenha algo em mente (o trecho do nome de um pacote, por exemplo), é também possível combinar com o comando grep:

apt list --installed | grep samba

No exemplo acima, aplicamos um “filtro”, através do comando grep e do termo “samba”:

Comando apt - apt list

Já a opção abaixo lista tudo através de páginas, e você pode usar a seta para baixo para navegar através delas:

apt list | more

Agora, para listar apenas os pacotes que podem ser atualizados, basta usar o comando abaixo:

apt list --upgradable

Como instalar novos pacotes com o comando apt

Instalar novos programas através do comando apt é muito fácil, após você dominar todos os modos de uso e opções acima. Basicamente, você deve usar um comando com a seguinte sintaxe:

sudo apt install nomeDoPacote

Ou seja, para instalar o software Thunar, basta inserir o seguinte comando no terminal:

sudo apt install thunar

E a saída será bem semelhante à abaixo:

Comando apt - apt install

Repare inclusive na barra de progresso, uma “cortesia” do apt (o apt-get não conta com tal indicador).

Além disso, caso você não se lembre do nome exato de um pacote, é possível usar a tecla TAB de forma a obter uma lista com possíveis pacotes. Digite, portanto, o início do comando: sudo apt install.

Dê então um espaço e digite os caracteres que se recordar. Tecle TAB em seguida. Aguarde, e uma mensagem será exibida, perguntando se você deseja “Exibir todas as X possibilidades” (Display all X possibilities).

Como remover pacotes instalados através do comando apt

Também de forma bem simples, para remover um pacote instalado use um comando com a sintaxe abaixo:

sudo apt remove nomeDoPacote

Assim, para remover o Thunar, por exemplo, basta usar o seguinte comando:

sudo apt remove thunar

Observe a saída:

Comando apt - remove

Obs: vale lembrar que a tecla TAB também pode ser usada na desinstalação. Veja acima, para maiores detalhes.

Nesse sentido, vale a pena também citar o comando abaixo, que remove um pacote de forma total.

Acontece que o apt remove apenas remove os binários de um programa. Já o comando abaixo remove tudo, incluindo arquivos de configuração (não use caso você pretenda reinstalar o pacote no futuro):

sudo apt purge nomeDoPacote

Assim, para remover totalmente o Thunar, você deve usar um comando como o abaixo:

sudo apt purge thunar

E assim por diante!

Como limpar o sistema com o comando apt

Há um modo bem simples de realizar uma limpeza no sistema. Através do comando abaixo, você pode remover pacotes que foram instalados automaticamente, apenas como dependências de outros pacotes.

Segue o comando:

sudo apt autoremove

Repare, agora, no output:

Comando apt - autoremove

Veja que, aqui, mais de 11 MB serão liberados. Veja também que o apt autoremove detecta automaticamente todos os pacotes que não são mais necessários.

Conclusão

E assim chegamos ao final de mais um guia completo no TecLinux. Através deste guia você pôde conhecer o comando apt em detalhes, além de detalhes sobre os repositórios no Ubuntu e como lidar com o arquivo /etc/apt/sources.list.

Ou seja, agora você sabe como instalar, atualizar e remover programas no seu sistema Linux. Bem, agora você sabe, na verdade, como gerenciar totalmente os pacotes.

Como você pôde perceber, há uma grande liberdade no Linux também no momento de adicionar pacotes, e aqui vale também lembrar dos formatos de empacotamento AppImage, flatpak e Snap (veja acima).

Espero que você tenha gostado do conteúdo. Deixe um comentário, e compartilhe com seus amigos!

Compartilhe este conteúdo:

<a href="https://teclinux.com/author/marcos-zy/" target="_self">Marcos A.T. Silva</a>

Marcos A.T. Silva

Apaixonado por tecnologia desde tenra idade, trabalha com TI há mais de 20 anos. Tem no rock and roll (em suas mais variadas vertentes) uma válvula de escape, e adora escrever guias e tutoriais, além de ser um grande entusiasta do Linux e do software livre.

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pin It on Pinterest

Share This

Compartilhe

Compartilhe este post com seus amigos!